Via Láctea.
Sistema Solar.
Planeta Terra.
Inglaterra.
Londres.
Colégio Prisma.
Segundo andar.
Estão me acompanhando? Pois então, é bem provável que o barulho do tapa desferido por Nina em Harry tenha feito o caminho inverso, reverberando nas bordas da galáxia, alcançando inclusive nossa vizinha, Andrômeda.
O rosto do garoto queima como a superfície do sol e não é apenas pela dor.
Ele está enfurecido. Seus olhos verdes encontram-se com os esverdeados de Nina.
Estão estreitos,cortantes, flamejantes. Harry leva a mão ao local estapeado, alisando a barba por fazer. Ele não pode ver, mas Nina pode: quatro
dos dedos dela estão marcados na pele de Harry como um carimbo para que ele se lembre, pelo menos pelas próximas horas, de com quem está lidando.
Um uuuhhhhhh abafado surge de todos os cantos do corredor em azul e branco, recém-pintado com uma tinta lavável e de fácil manutenção. O lance sobre a escolha da tinta não vem ao caso agora, concentremo-nos no tal tapa.
E que tapão!
Harry foi pego desprevenido e quando seu cérebro finalmente para de zunir, avança um passo em direção a Nina, desconcertado. Ele não esperava por isso, ninguém imaginava esse desfecho. Acredito que até Nina esteja surpresa com sua atitude. Mas como toda ação leva a uma reação contrária na mesma
intensidade, podemos supor o que acontecerá
a seguir.
— Você é louca? Qual o seu problema? – Harry dispara, ainda alisando o rosto em chamas.
— Meu problema é você, Harry Styles! – Nina cospe, exaltada. – Você, seus amigos e essas malditas apostas!
— Ah, saquei tudo. – Harry lança no ar um sorriso debochado. – Quer saber, Nina? Nem se o valor da aposta triplicasse, eu toparia beijar você.
— Uuuuhhhhhhh. – outra comoção deixa a
atmosfera mais tensa.
— Seu… seu… seu cretino! Está invertendo as coisas a seu favor! E você me beijaria sim ou então, não teria aceito essa aposta ridícula.
— Ri-dí-cu-la. Você tem toda a razão. Beijar você é absurdo e eu seria patético se levasse isso adiante. – o garoto não tem a
menor noção do perigo.
Nina se aproxima e impulsionada por uma fúria crescente, acerta uma joelhada nas bolas de Harry . O cara empalidece e urra de
dor, caindo ao chão. Antes que algum engraçadinho se ajoelhe e conte até dez, como nos ringues de luta livre, uma voz malhumorada surge dos confins do corredor:
— Chega dessa palhaçada! Voltando para a sala de aula agora mesmo! – o professor de Inglês aproxima-se a passos largos, enxotando a todos como se fossem mosquitos irritantes. – Menos vocês dois. – aponta para
Harry e Nina. – Venham comigo. O diretor vai adorar ouvir a empolgante narrativa que culminou nesse momento tão ímpar.
Faz muito tempo que não leio nada tão bem escrito e com tanta lógica. Parabéns você acaba de conseguir mais uma leitora :)
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