HTML

06/04/2014

53°CAP - A APOSTA - A VOLTA PARA CASA.



A manhã chega, com cara de ressaca. Nina está sendo examinada e aparentemente o quadro é bom. 
Como prescrição, o médico lhe
pede que faça refeições leves com muitas frutas e sucos naturais. O estômago de Nina revira quando ele faz menção à sucos.

O laudo do exame de sangue de Nina ficará pronto em dois dias. Somente com isso em mãos o médico poderá traçar um plano de desintoxicação, se for esse o caso. Ele se despede, deixando uma Margareth mais tranquila para trás.

As garotas tomam o café-da-manhã no quarto, enquanto arrumam as malas. Nina está se sentindo debilitada e não sabe dizer
qual é o motivo da fraqueza. Possivelmente seja um dos efeitos da droga, talvez a falta de uma alimentação mais substanciosa ou
quem sabe seja o estrago que Bárbara fez em sua vida. Acredito que as três alternativas anteriores sejam válidas.

Nathi enxuga as lágrimas, jurando que não derrubará mais nenhuma por Gancho. Lais a abraça forte, um abraço de urso, que faz com
que a amiga se sinta amada e um pouco melhor.

— Teremos uma viagem longa pela frente. Nina, fique longe da Bárbara. Não entre na provocação ou você perderá a razão, compreendido? – Margareth está à porta do quarto das meninas.

— Pode deixar. – a voz de Nina é só um fiapo.

— Lais, você fica responsável por cuidar dessas duas, está bem? – a professora delega e Lais aceita prontamente a incumbência. –
Darei uma passada nos outros quartos. Qualquer mudança no quadro da Nina, me avise.


~~***~~

A balsa está ancorada no píer. Da sacada do quarto, Nina acompanha os primeiros alunos se dirigindo para lá. Olha em volta, recapitulando tudo o que aconteceu nesses últimos sete dias. E não foi pouca coisa.
Lais e Nathi se unem a Nina na sacada. Nenhuma das três diz palavra, afinal, o que há para ser dito?

A brisa marítima acaricia o rosto das garotas, jogando seus cabelos para trás. O aroma e o som que vem do mar trazem uma sensação de quietude e paz, tão necessárias
nesse momento.

Uma lágrima solitária escorre pelo rosto de Nina. Não há um motivo específico. Por mais que as férias tenham terminado da forma mais catastrófica possível, Nina sentirá saudades dos momentos fantásticos que viveu na ilha. Esses também foram muitos e
serão memoráveis por toda a vida.

— Está na hora. – Lais avisa, já sentindo saudades do mar e da boa vida.

— Seremos amigas para sempre, não
seremos? – é Nathi quem faz a pergunta.

— Depois de tudo o que vivemos? Seremos amigas pela eternidade. – Lais deixa uma gargalhada gostosa escapar e Nina se contagia, sorrindo também.

— A única coisa boa do Prisma foi ter conhecido vocês duas. – Nina revela, puxando as amigas para um abraço grupal.


~~***~~

A balsa está silenciosa. Fora o barulho dos motores e hélices, nenhum piu é ouvido. As expressões são sérias, tristes, perdidas. Se o dia anterior pudesse ser apagado da linha temporal, essa balsa seria uma festa e não um velório.

Os professores circulam a todo o momento, evitando que os alunos com rixas a resolver se encontrem e o pau volte a comer solto.
Desde que Suzana dedurou a Kibi Mor, a garota foi aceita no grupo das meninas e até dormiu no dormitório de Camila na noite
passada. Não havia clima para dividir o quarto com Ana Paula e Bárbara. E querem saber? Suzana está se sentindo muito melhor
agora.

Harry e Gancho estão na popa da balsa, observando a ilha se afastar lentamente. Sentem como se o dia anterior não tivesse
passado de um sonho macabro e distante. Infelizmente, os dois sabem que foi bem real.

Nina está na proa com as meninas. Não quer olhar para trás, não quer ver a ilha se afastar. O negócio agora é olhar para a frente, para o futuro, para o desconhecido.

Bárbara, Bola e Ana Paula estão na parte interna da balsa, sendo vigiados de perto por Margareth. Ela já avisou que se algum deles
sair da linha, os abandona onde quer que seja e sem remorsos.

E assim, a balsa viaja tranquila até finalmente aportar no continente.


~~***~~

O ônibus está à espera quando a balsa ancora. Os estudantes vão descendo um a um e se dirigindo para a condução num silêncio mórbido. O motorista do ônibus – o
mesmo da vinda – não entende nada e dá de ombros, feliz por, aparentemente, ter uma viagem tranquila pela frente até o aeroporto.

Quando Harry entra no ônibus, seguido por Gancho, vai passando pelas fileiras de assentos e estaca quando vê Nina sentada
sozinha. Antes que ele possa pensar em dizer ou fazer qualquer coisa, Camila dá um empurrão de leve no cara e se senta ao lado
de Nina, não deixando qualquer outra opção Harry a não ser seguir em frente. Nina sabia
que ele estava olhando para ela, mas nem assim tirou os olhos do asfalto.


~~***~~

O avião decola no horário, sem maiores transtornos. Já estão voando há uma hora e Bárbara pede para ir ao banheiro. Margareth,
que está sentada ao seu lado na vigia, ruge para a Kibi Mor:

— Se abrir essa boca ou causar algum tumulto, juro que jogo você desse avião, compreendido?

— Já entendi. – a Kibi devolve, com desdém. Tira o cinto e caminha para a parte traseira do avião.

Quando Bárbara cruza com Harry e Gancho, não resiste a soltar um sorriso de deboche. Uma lágrima escorre pelo rosto de Harry e ele
não consegue enxugar a tempo. Num
movimento rápido, a Kibi Mor a toma de assalto, provando a lágrima com satisfação.

— Saborosa como a vitória. Ah, Harry, agora sim minha vingança está completa.

— Vaza! – Gancho rosna, entredentes. Bárbara solta uma sonora gargalhada, jogando os cabelos oxigenados para trás.

Retoma seu caminho e Gancho faz menção em se levantar, mas Harry não permite. Os amigos se entendem só com o olhar.

— Cara, o que eu posso dizer? – Gancho quer muito confortar Harry.

— Não diga nada. Não vai adiantar.


~~***~~

O avião finalmente pousa no aeroporto Heathrow, em Londres. O clima é ameno e a temperatura está em vinte e cinco graus, com céu parcialmente nublado.

Os estudantes desembarcam, seguindo por um longo corredor até o acesso as escadas rolantes. As malas estarão disponíveis na
esteira de número três.

Nina já está com suas bagagens sobre o carrinho. Lais idem. Só falta chegar uma das malas de Nathi.

Harry a observa de longe, sentindo o coração apertar. Será que a garota frequentará as últimas semanas de aula? O que estará se
passando na cabeça dela nesse exato momento? Por que Harry está sentindo essa forte sensação de perda? Não, ele não pode acreditar que perdeu Nina para sempre, isso
não pode ser verdade.

De posse de suas bagagens, os estudantes seguem os professores em direção a saída do terminal de desembarque. Do lado de fora,
ao invés de pais sorridentes, encontram pais desolados, cabisbaixos, envergonhados. O
diretor fez a lição de casa direitinho, pelo visto.

— Nina. – a mãe a puxa para um abraço. – Minha filha, o que foi que aconteceu?

— Em casa eu conto, tá bom? O que o diretor já adiantou? – Nina engole em seco, procurando pelo pai. – Onde está o papai?

— Está em casa com o Doc. Nós soubemos do que aconteceu na ilha hoje de manhã. Seu pai está preparando um processo contra
a Bárbara e o Fabiano.

— Não, mãe. Eu não quero processar
ninguém. Essa história já causou problemas demais e eu só quero esquecer. Eu preciso esquecer.

— Em casa conversaremos sobre isso.

Os pais de Nathália e Lais se juntam a mãe de Nina e um debate se inicia. Falam sobre o telefonema que receberam do colégio e a reunião marcada para amanhã à noite. As amigas aproveitam para se despedirem.

Nesse momento, as três ouvem uma briga no saguão. Reconhecem a voz de Harry e olham em volta, procurando. Ele e o pai estão discutindo, gesticulando, se atacando.

Bárbara deve ter enviado o tal vídeo de Harry para o velho.

— O Harry está ferrado. – Lais comenta.

— É, ele está. – Nathi concorda.

— Vocês viram esse vídeo? O que contém? – Nina pergunta.

— Lembra quando o Harry foi desafiado por um garoto do segundo ano? – Lais começa a explicar.

— Um racha de motos. – Nina se recorda do ocorrido.

— Isso. – Lais continua. – Todo o pessoal do colégio foi lá para assistir, tá lembrada? Nós não fomos porque tínhamos aquela festa
na casa do Pepino e também porque não somos idiotas.

— É, eu tenho uma vaga lembrança disso.– Nina puxa pela memória.

— Lembra do acidente?

Sim, Nina se lembra do acidente de Harryafinal, essa história foi contada e recontada
milhões de vezes nos corredores do Prisma. Harry, a mais de cento e cinquenta quilômetros por hora, corria emparelhado com um garoto do segundo ano do colégio. Algo foi jogado no asfalto e o garoto fez uma manobra evasiva que resultou no acidente. O veículo capotou várias vezes e o corpo de
Harry deslizou pela avenida, por mais de trezentos metros.

— Sim, eu me lembro. – Nina meneia a cabeça.

— O Gancho achou que ele tinha morrido. – Lais confirma. – Todos acharam isso. E eu vi um dos vídeos e foi realmente impressionante. Se Deus existe, ele estava ali naquele momento.

— A roupa especial o protegeu, não foi? – Nina sente um arrepio cortante ao pensar que Harry poderia ter morrido naquele racha.

— A roupa e Deus… não se esqueça de Deus nessa história. – Nathi toma a palavra e respira fundo. – O problema foi que o Harry
mentiu sobre isso para o pai. Disse que um caminhão havia passado por cima da moto,
que estava estacionada no meio fio. Os policiais que fizeram o boletim de ocorrência, disseram ao pai de Harry que a história não
batia com o estrago da moto. E foi por isso que ele perdeu a mesada e sei lá mais o quê.

— Como sabe disso? – Lais franze o cenho. 

— O "tal" que não quero dizer o nome me contou. – Nathi revela, olhando para o chão.

— Meninas, vamos? – os pais chamam.

— Vejo vocês mais tarde? – Nina pergunta, um tanto deprimida.

— Com certeza.



Nota da Autora: Primeiro, se eu tivesse uma escola que me mandasse pra uma ilha. Eu já estaria feliz. Agora ter uma escola que te manda pra uma ilha e um "meio" namorado que tem sentimentos é pedir um final feliz, certo Amora? E-R-R-A-D-O. Se existisse finais felizes eu já estaria casada e passando minha lua de mel no tomorrowland. Acho que exagerei um pouco. Okay, parei kkkkkkkkkk' Beijos Amora :3 

Ps.: Caso você, Amora, tenha comentado do capitulo anterior e ficou esperando a minha resposta, eu peço minhas sinceras desculpas. Hoje foi um dia corrido e não queria passar mais um dia sem postar pra você. Bem, agradeço pelo comentário e saiba que com ele você estará me ajudando MUITO. Obrigada.

4 comentários:

  1. Continua? Tá muito emocionante!

    ResponderExcluir
  2. Leeh ´´e desnecesario me fazer ficar triste :'( kkk
    Hazza a Nina te ama, não fica triste </3 e digo o mesmo pra vc Nina
    Se o Harry não tivesse inventado essa corrida nada disso teria acontecido... Se bem que ele nem tentaria se aproximar da Nina e talvez eles nem se apaixonassem, mas pelo menos não se magoariam... AAAAAAAAAH To ficando muito confusa. kkkkkkkkk
    Leeh vc ñ vai demorar né? Eu p-r-e-c-i-s-o que você poste logo.
    Com amor da sua maior fã,
    Nut.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Semana passada era final do primeiro bimestre, então eu tive que focar mais do que o necessário na escola, mas agora, Nut, prometo que eu não demoro pra postar o próximo capitulo.

      Com amor da sua fã,
      Leeh.

      Excluir

A cada 10 pessoas que comentam 4 delas dizem, na verdade o que eu realmente não sei o que estou falando, então se entendeu parabéns e obrigada por comentar.
E lembrando foi comprovado cientificamente que comentar emagrece.