macios, naquele abraço necessário. Harry quer recuperar o tempo perdido, quer se afogar no sabor de Nina e não soltá-la nunca mais.
Mas como eu já disse nessa narrativa, sempre tem um mala para atrapalhar momentos perfeitos. E o mala chega, estacionando o carro na garagem de qualquer maneira.
— Largue já a minha irmã!
Nesse instante, Gancho salta de trás de uma árvore. O cara estava ali escondido, para uma situação de emergência como a que se apresenta.
Lais sai do carro, com uma expressão que grita por desculpas. Depois que deixaram Nathália em casa, Doc percebeu que havia esquecido a carteira. Quando Lais se sobressaltou com a possibilidade de voltarem
para buscar a tal carteira, Doc, que não é besta, sacou que havia armação no ar.
— Doc, deixe eles conversarem! – Lais dá a volta no carro, pronta para segurar o cara se for preciso.
— Não acredito que armou para mim.– Doc lança um olhar esmagador na direção de Lais. – E eles não estão conversando porra nenhuma!
— Doc, o Harry é inocente, cara. Deixe ele explicar o que aconteceu. – Gancho tenta apaziguar.
— Foi um beijo de despedida, Doc, nada mais. – Nina revela, afastando-se de Harry.
— Como é? – golpeado pelas palavras de Nina, o garoto é tomado pela surpresa. – Despedida?
— Vou morar em Paris.
Se Nina queria ferir o cara mortalmente, ela consegue. Harry sente o chão sumir sob pés. O coração para de bater por um instante e o sangue entra em greve, não querendo mais circular.
— Não pode estar falando sério. – ele a encara, numa tristeza insuportável.
— Desculpe. – Nina arqueia o corpo para a frente e recolhe os papéis do chão. – Qualquer coisa que tínhamos ou que pudéssemos ter, acabou aqui.
Harry sente uma ânsia tomar forma, um desespero crescente na boca do estômago. Será que Nina não ouviu o que ele disse? Não acreditou em suas palavras?
— Eu achei que… – a voz de Harry é um fio solto no ar.
— Achou errado.
— Posso provar a minha inocência e eu vou provar! – Harry se altera e Doc parte para cima dele, mas é contido por Lais.
— Já disse, não perca o seu tempo.– Nina reúne os cacos e retoma o caminho para casa.
— Não pode me deixar assim. –Harry a segura pelo braço e ela se sente fraquejar.
— Deixe ela em paz, cara. – Doc rosna.
— Logo você vai embarcar numa nova
aposta e se esquecer disso tudo. – Nina puxa o braço e seus pés a carregam para bem longe de Harry.
~~***~~
Nina está sentada na cama, abraçando os joelhos, com o olhar perdido no nada. Ela não quer chorar, mas as lágrimas saem furtivas, sem qualquer controle.
— Nina? – Lais entra no quarto.
— Você e a Nathi armaram para mim, hein?– Nina ensaia um sorriso, entre lágrimas.
— Desculpe, foi necessário.
Mais gritos. Muitas acusações. Vários rosnados de Doc. Panos quentes atirados por Gancho. A discussão pega fogo no andar de
baixo.
— O que acha de jogarmos um balde d’água na cabeça desses caras? – Lais se senta na cama, colocando as mãos sobre as de Nina.
— Não é má ideia.
— Acho que o Harry está falando a verdade. A aposta terminou, o pai dele já está com os vídeos… ele poderia estar tocando a vida,
mas não está. – Lais faz uma pequena pausa, acariciando os joelhos de Nina. – Ele está
completamente apaixonado por você. Eu não costumo me enganar com essas coisas.
— Diz isso porque não escutou o diálogo entre ele e a Kibi.
— Nem preciso ouvir para afirmar que é uma montagem. A Kibi armou isso tudo. – Lais suspira alto. – Nina, dê uma chance ao Harry de provar sua inocência. Dê uma chance a vocês.
— Ele disse que me ama. – Nina revela.
— Ele disse isso? – Lais se espanta. – Uau, Nina, o que está esperando para se jogar nos braços desse cara?
— Eu não confio nele. Algo se quebrou dentro de mim naquele corredor do Prisma, quando ouvi a voz do Harry pelos auto falantes.
Harry grita por Nina lá debaixo. Doc continua rosnando, ferozmente. Gancho por sua vez tenta apaziguar os ânimos.
— Precisamos acabar com isso ou os
vizinhos chamarão a polícia. – Lais se levanta e olha pela janela. – Posso dizer ao Harry que
você vai ouvi-lo se ele conseguir as provas?
— Eu não estarei aqui de qualquer
maneira. – Nina dá de ombros. – Faça o que achar melhor, só acabe com essa gritaria, por favor.
— Deixe comigo.
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A cada 10 pessoas que comentam 4 delas dizem, na verdade o que eu realmente não sei o que estou falando, então se entendeu parabéns e obrigada por comentar.
E lembrando foi comprovado cientificamente que comentar emagrece.