Vamos tentar entender o porquê de Nina
ser tão avessa a garotos. Tudo está no
psicológico, Freud elucidaria. Talvez a garota
enlouquecesse o neurologista antes do
mesmo se explicar.
O fato é que ela, até hoje, teve apenas dois
namorados. O primeiro foi aos doze anos de
idade...
Nina estava brincando com as amigas na
calçada de sua casa, num condomínio
fechado de alto padrão na cidade de Holmes Chapel. A Barbie Noiva estava a bordo do
possante cor-de-rosa, a caminho do salão de
beleza. Após os cuidados com o visual, as
Barbies fariam uma festa de arromba na
mansão de três andares e os Kens já
estavam convidados.
A garota não sabia, mas estava sendo
observada por Maurício, que morava a uma
distância de oito casas da sua. Supertímido,
deixou a bicicleta incrementada de lado e
invadiu o jardim florido de Dona Estela,
colhendo flores coloridas para que Nina
pudesse enfeitar a festa das Barbies.
Timidez é uma droga.
Maurício estava agitado, tenso e tremia da
cabeça aos pés. Não conseguia se aproximar
daquela linda menina com um corte Channel,
de olhos grandes e esverdeados. O que ele
fez? Tocou a campainha do amigo Danilo e
implorou para que o garoto levasse as flores
para Nina.
— Quer que eu leve as flores? – Danilo
perguntou, maldizendo o momento que
atendeu a campainha.
— Por favor? Leve as flores e peça a Nina
em namoro para mim? – Maurício suplicou,
com olhos marejados.
— Não acredito nisso. – o amigo bufou e
revirou os olhos. – Dê aqui, eu levo.
Danilo, um ano mais velho que Maurício,
pegou as flores e respirou fundo, caminhando
a passos largos até a festa das Barbies. E que
festão! Tinha até jatinho cor-de-rosa
estacionado na entrada da mansão.
O lance foi que, um nervoso Danilo,
entregou as flores para Nina e a pediu em
namoro. A garota, com um risinho contido,
olhou para as amigas buscando uma
resposta. As três balançaram a cabeça,
afirmativamente.
A confusão estava armada. Nina acreditava
estar namorando Danilo. Danilo jurava ter
pedido Nina em namoro para seu amigo. Por
sua vez, Maurício estava certo de que Nina
agora era sua namorada. Aff.
A menina de doze anos estava muito feliz.
Contou para todos na escola que estava
namorando, apesar de nunca ter trocado
mais de duas palavras com Danilo. Para
detonar de vez com a situação, o garoto
mudou-se de bairro três semanas depois,
deixando Nina completamente arrasada.
Poxa, nem um tchau?
Ali começava o problema de Nina com
garotos. Como poderia confiar neles?
Como toda pré-adolescente, Nina sofreu
por Danilo, chorou por ele, arrancou os
cabelos e disse para as amigas que nunca
mais amaria ninguém como o amava.
Adoro dramas juvenis, são tão intensos!
Querem saber o que aconteceu com
Maurício? Bem, hoje o garoto faz terapia e
nunca beijou uma garota. Depois que viu sua
namorada Nina dando o maior amasso em
outro cara, o mundo ruiu para ele.
Esse outro cara chamava-se Bruno.
Bruno foi o segundo namorado de Nina.
Eles se conheceram no colégio e o garoto era
dois anos mais velho do que ela. Nina tinha
quinze anos naquela época.
Como toda filha superprotegida por pais
malucos, Nina era a inocência em pessoa.
Não conhecia Bruno o suficiente, mas ainda
assim era apaixonada pelo cara desde que
Danilo a deixou, sem dizer um tchau.
O namoro durou exatos seis meses e, pela
pouca idade de Nina, os pais resolveram
cercar esse relacionamento, permitindo que
só acontecesse debaixo de seu teto. Ou seja,
o namoro se dava em casa e os telefonemas
eram supervisionados. Internet? Nem
pensar! Toda e qualquer comunicação com o
mundo externo era grampeada pela analista
de tecnologia da família: Laura, a mãe de
Nina.
Bruno era o tipo de garoto experiente e
estava doido para colocar suas mãos
calejadas sobre a garota virgem. Ela era
tímida, estonteantemente linda e estava
completamente apaixonada… droga, Nina
estava perdida! Era chantageada
emocionalmente sempre que estavam juntos
e a garota começou a cogitar a possibilidade
de finalmente se entregar a Bruno.
Quando o garoto, já com dezoito anos,
pegou sua carteira de motorista, as coisas
saíram do controle. Bruno aparecia na casa
de Nina sem avisar, sempre que os pais dela
e o irmão mais velho não estavam. Como ele
sabia? O vizinho da frente era seu amigo e
comparsa.
Nina já tinha completado dezesseis anos
quando aconteceu o inevitável. O Mustang
amarelo estacionou na porta de sua casa,
reluzindo como um diamante. Bruno
carregava um imenso buquê de rosas
vermelhas, pronto para dar o bote. Ela
estava sozinha naquela tarde.
Paixão e inocência. Essa é uma combinação
perigosa.
Nina se entregou no sofá da sala, após seis
meses de tentativas infrutíferas por parte de
Bruno. Ele jurou amor eterno. Garantiu que
ela era única. Disse que se casariam. Afirmou
até que era virgem, por Deus!
Depois daquela tarde, Bruno não ligou
mais.
Nina, agora sem medo de vasculhar a
internet, logou-se num tal de Facebook.
Através dessa ferramenta mais poderosa do
que uma investigação policial, descobriu
todas as mentiras de Bruno, inclusive que
não era a namorada oficial do cara. Naquele
momento nascia a nova Nina Albuquerque, a
garota que seria temida por todos que
usassem cuecas.
— Doc, preciso falar com você. – Nina
entrou no quarto do irmão mais velho,
faiscando de tão puta da vida.
— Nina, cai fora. – Douglas, o irmão, nem
se dignou a olhar para a garota.
— O Bruno me enganou e eu quero o
sangue dele. – Nina arrancou os fones dos
ouvidos de Doc.
Aquelas palavras surtiram efeito imediato.
O irmão levantou-se da cama, pronto para a
briga. Abriu o guarda-roupas e pegou o taco
de beisebol que não usava desde a
adolescência.
— Ele zoou você? O que ele fez, Nina?
— Ele me usou. – ela estava constrangida,
mas queria a ajuda dele. Apesar de serem
como cão e gato, Nina sabia que Doc faria
qualquer coisa por ela, a protegeria.
— Como? Como ele usou você? – o olhar do
irmão era colérico.
— Ele conseguiu o que queria e sumiu. –
Nina se segurava para não chorar.
— Filho da puta! Ele machucou você? Nina,
me diz! – Doc gritava, sacudindo a irmã pelos
ombros.
— Ele não me forçou, se é o que quer
saber. – agora sim Nina chorava,
copiosamente. Doc a abraçou, acariciando
suas costas. – Não acredito que deixei
acontecer, como pude ser tão burra?
Rangendo os dentes, Doc passou a mão no
celular e ligou para alguns amigos. Meia hora
depois, quatro deles já estavam na porta da
casa de Nina, com seus tacos de beisebol a
tiracolo.
— Você fique aqui, está entendendo? – Doc
instruiu.
— O que vai fazer? – Nina nunca tinha
visto o irmão tão alterado.
— Deixe comigo.
Com todas as coordenadas passadas por
Nina, Doc sabia onde encontrar Bruno. Pelo
horário, ele deveria estar na última aula do
cursinho.
O Mustang amarelo, com uma faixa preta
no capô, nem precisava gritar por atenção
em meio a carros comuns. Com um sorriso
lateral e a mão pulsando de raiva, Doc
fechou os dedos em volta do taco de beisebol
e nem olhou para os lados.
Os quatro amigos fizeram o mesmo, sem
saber ao certo o porquê de estarem metidos
naquilo. Doc explicou apenas que o dono
daquele carro havia aprontado com a Nina e
quem mexe com a irmã de um deles, mexe
com todos.
O carro foi destruído em minutos. A polícia
chegou pouco depois, antes que Bruno e Doc
se atracassem. O barraco estava armado e
Nina aguardava em casa, andando de um
lado para o outro, embolando o tapete da
sala sob os pés.
Ninguém, nunca mais, a faria de idiota.
Doc e seus amigos foram presos, mas não
por muito tempo. O pai de Nina, um
advogado figurão, ameaçou Bruno, acusandoo
de aliciamento de menores, o que na
prática era a mais pura verdade. Bruno já
tinha dezoito anos e Nina apenas dezesseis.
Nesses casos o veredito é um só: cadeia.
O pai de Bruno acabou por convencer o
filho a retirar a queixa contra Doc e sua
turma, afinal, um empresário do nível dele
não poderia ter um filho na prisão. E assim
foi feito: os garotos foram soltos naquela
mesma madrugada, numa noite insone para
todos da família Albuquerque.
Nina ouviu um sermão de mais de duas
horas, tanto do pai, quanto da mãe. Doc
assistiu a tudo, com os braços cruzados e um
olhar matador. Ninguém zoa a sua irmã e sai
ileso. Ele se imaginava com uma bazuca,
estraçalhando o corpo de Bruno, o sangue se
espalhando pela calçada, escoando para o
bueiro entupido mais próximo… desejo que
nunca foi realizado.
Quanto a Nina? Bem, ela aprendeu a lição
da pior maneira. E foi um ensinamento que a
marcou fundo, redesenhou sua
personalidade, mudou sua visão de mundo e
aniquilou qualquer ilusão encantada. Homens
não prestam, a voz interna gritava. Meu
único foco serão os estudos, quero distância
de namorados, a cabeça latejava.
A única coisa bacana nessa história toda foi
que Nina e Doc, finalmente, estreitaram o
laço familiar que os unia. Desde esse dia,
nunca mais brigaram.
Nota da Autora:Coitada, deve que sofreu muito.As vezes acho que ela tem razão em odiar garotos.Bem foi isso minhas Amoras.Beijos e qualquer duvida me avisem nos comentários.Beijos X Beijos
comentar emagrece?! Vamos comentar então minha gente!!! kkkkkkk
ResponderExcluirficou muito bom o cap. continua
tadinha da Nina e do Maurício.
kkkkkkk que bom que gostou do capitulo amora :3
ExcluirCoitada, acho que ela tem razão em odiar garotos. As vezes acho que a maioria é repugnante.
ResponderExcluirkkkkkkkkk
ficou muito bom continua.
você tem razão a maioria é repugnante :3
ExcluirPER-FECT
ResponderExcluirQue bom que gostou Amora :3
Excluircontinuaaaaaaaaa <3
ResponderExcluirclaro babe :3
Excluir