Duas horas depois do desembarque,
finalmente o ônibus está pronto para deixar o
aeroporto a caminho da balsa. Nathi e Lais
sentaram-se juntas e quando Nina ameaçou
sentar-se com Camila, Harry a empurrou para
o banco de trás.
Ele praticamente a jogou em direção à
janela fechando a passagem. Para sair dali,
Nina teria que pular por cima dele, o que
estava fora de cogitação. Até pensou em
gritar, mas os professores já estavam
irritados demais com a zona, não seria
prudente.
— Você me paga, Harry. – Nina murmura,
num rosnado selvagem.
— Relaxe e curta a paisagem. – Harry
entrelaça os dedos atrás da cabeça, o
sorrisinho debochado já se desenhando
naquele rosto de traços perfeitos e perigosos.
Ela bufa e cruza os braços, deitando a
cabeça no vidro. Harry se esparrama ao lado,
invadindo o seu espaço. Nina aperta a
mandíbula com força e tenta se afastar.
Impossível. A perna do garoto roça na sua de
forma irritante.
Nina então cruza as pernas, colando-as na
lateral do ônibus. Escuta a risadinha abafada
de Harry e tem muita vontade de pular no
pescoço do cara e asfixiá-lo.
— A aposta ainda não está valendo, seu
babaca. – Nina insulta, furiosa.
— Eu sei. – Harry fecha os olhos e a inspira,
como fez na boate. – Você me hipnotizou,
agora aguente.
Nina sente um ardor subir pelas costas,
mas não tem nada a ver com calor. O ar
condicionado está bem acima de sua cabeça,
lançando jatos gelados em sua direção. Harry
se remexe, espalhando-se ainda mais. Está
tentando provocá-la, mas ela não cairá no
jogo.
Gancho se aproxima, com um violão em
mãos. O ônibus dá uma sacudidela e o garoto
precisa se segurar para não cair.
— Ei, Harry, meu camarada, toque algo para
nós. Ainda temos uma hora dentro desse
busão.
— Manda aí. – Harry estende a mão e Gancho
lhe passa o violão.
— Toque algo para agitar essa galera. O
que querem ouvir? – Gancho pergunta, aos
gritos.
— Heavy metal! – alguém dos fundos
responde.
— Num violão? Tá chapado? – Gancho
revira os olhos.
— Classic rock!
— Aí já começa a melhorar. – Gancho
concorda, num meneio de cabeça.
— Pagode!
Nem preciso dizer que quem grita essa
barbaridade é o Bola, preciso? Gancho nem
tem o trabalho de responder. Vários papéis
amassados voam pelos ares, acertando o
gordinho encrenqueiro.
Nina não tira os olhos da estrada. Árvores
passam, lagos passam, carros passam, o
asfalto corre para lugar algum. De rabo de
olho ela nota que Harry a encara,
insistentemente.
— O que foi? – ela metralha.
— O que quer ouvir? – Harry está afinando as
cordas do violão.
— Quero ouvir você dizer que vai desistir
da aposta.
— Hum… peça algo possível, Nina. – ele faz
uma pausa. – Qual sua banda preferida?
— Não interessa.
— Quero tocar algo para você. – Harry tomba
a cabeça de lado, falando de forma mansa, só
para irritá-la ainda mais. – Peça uma música,
qualquer uma.
— Não quero ouvir você cantar. – ela
rosna, entredentes.
— Vai, Nina, qual sua banda preferida?
Você deve ter uma.
Nathália, incrivelmente irritada com o bate
boca entre Nina e Harry, tira os olhos do livro e
grita, sem olhar para trás:
— Creedence! A Nina curte Creedence, pô!
Agora será que dá para vocês dois calarem a
boca?
— Valeu, Nathi! – Harry comemora. –
Creedence Clearwater Revival. Quem diria,
não? Você tem bom gosto.
— Seu tosco. – Nina gira a cabeça com
raiva, seus cabelos acertando o rosto de Harry.
— Anda logo com isso, Harry, ou a galera vai
destruir o busão antes de chegarmos na
balsa. – a emergência no tom de Gancho faz
o garoto se levantar. Apesar dos gritos
insistentes dos professores, Bola continua a
ser atacado por uma enxurrada de papéis
amassados e chicletes mastigados.
Harry coloca os pés no banco e se senta no
braço da poltrona, um tanto torto. Ajeita o
violão da melhor maneira, testando o som.
— Ok, pessoas, essa música eu dedico a
Nina, a garota selvagem. – quando Harry
profere essas palavras, a galera vai ao delírio
e o ônibus sacode ameaçadoramente. Os
professores voltam a gritar e a turma se cala,
mas não por causa dos gritos professorais e
sim pelos acordes de Harry.
Nina engole lavas no lugar da saliva. Sente
uma vontade imensa de pegar o violão das
mãos dele e quebrá-lo em sua linda cabeça
de cabelos cacheados. Antes que possa dar
cabo de seu desejo inflamado, a voz de Harry
invade seus ouvidos, fazendo com que seu
coração pare por um instante.
Meu Deus, a voz do cara é perfeita!
Rouca, grave, sublime. Se Nina não
soubesse que era Harry quem cantava
“Fortunate Son”, poderia jurar estar ouvindo
o próprio John Fogerty. Ela não consegue se
conter e olha para o cara.
Os dedos do garoto deslizam pelas cordas,
tão suaves, envolvendo os fios como se
estivessem acariciando o instrumento. Harry
parece estar possuído por uma força mágica,
mística, invisível. Se Nina pudesse ver auras,
estaria vendo a de Harry se expandir nesse
exato momento. Tão à vontade, inteiro,
divino.
A forma como ele joga os cabelos
encaracolados para trás, a maneira como
segura o violão, o jeito com que mexe os
lábios…
Harry empolga a galera e quem conhece a
letra, canta com ele, as vozes se fundindo
numa só.
Os olhos de Nina não querem se desviar da
cena, as pálpebras não estão a fim nem de
piscar. Os ouvidos querem escutar mais e
mais e mais. Completamente hipnotizada, é o
que ela está.
Que droga, pensa Nina. Vencer essa aposta
será mais difícil do que ela imaginava.
~~***~~
caminho da balsa. Nathália e Lais pegam as
malas de mão no bagageiro acima de suas
cabeças. Nina tenta fazer o mesmo e, ainda
que na ponta dos pés, não consegue alcançar
a raqueteira lá no fundo. Quando faz menção
em subir no banco, Harry a breca.
— Deixe que eu pego. – com vários
centímetros a mais, ele pesca a alça da bolsa
facilmente.
— Eu posso me virar. – ela rebate,
visivelmente enfurecida pela ajuda.
— Largue de ser orgulhosa. – ele puxa a
raqueteira e comenta: – Hum, você joga
tênis?
— Eu não jogo, eu humilho! – Nina, em sua
arrogância típica, arranca a raqueteira das
mãos de Harry.
— É sério? Bom, nesse caso, eu desafio
você para uma partida de gente grande.
Quem ainda está dentro do ônibus não se
contém ao ouvir o desafio. Gancho, após
soprar a franja para cima, solta o famoso
grito de guerra:
— Apostaaaaaa!
Se as pessoas pegassem fogo ao seu bel
prazer, o ônibus teria ido pelos ares nesse
momento. Quem está do lado de fora, corre
para dentro. Quem está dentro, não sairá
nem a pau dali.
— Está me desafiando, Harry? Perdeu a
noção? – Nina o encara, destemida.
— Você disse que humilha no tênis, então,
qual é o problema? – Harry escancara um
sorriso debochado, sua marca registrada.
— Não sabe onde está se metendo. – ela
estreita o olhar. – Vou acabar com você.
— Aposto que não. – Harry cruza os braços e
lança uma piscadela no ar.
— O que vão apostar? – Bola pergunta
acima do murmurinho, limpando o resto de
chocolate dos cantos da boca.
— É! O que vão apostar?
— Tem que ser algo quente!
— Aposta aí, Nina!
— Vai mesmo se arriscar? – Nina empina o
nariz, numa superioridade intrépida.
— Adoro me arriscar. – Harry revida, num
tom sedutor daqueles abrasadores.
— Já que é assim, se eu vencer o jogo você
corta os pulsos, que tal? – Nina replica.
— Poxa, peça algo que não envolva a
minha morte.
— Ok, deixe eu pensar… hum, certo. Se eu
ganhar, você será meu escravo por um dia
inteirinho. O que acha disso? – Nina arranca
gritos estimulantes da turma.
— Seu escravo? Um dia inteiro? – Harry finge
pesar a aposta. – Muito bem, se você vencer,
serei seu escravo, farei tudo o que mandar.
— Aêêêêêêêêêêêêêêêê! – a manifestação
dos estudantes arranha os ouvidos.
— E se o Harry vencer? – Gancho fixa Nina
com o olhar, por cima dos ombros do amigo.
— Ele pode pedir o que quiser, porque esse
jogo eu já ganhei. – Nina mantém uma
postura triunfante.
Antes de responder, Harry umedece os lábios,
deixando a expectativa no ar. O cérebro do
cara pensa rápido e seus lábios repuxam para
os lados com a brilhante ideia. Talvez ele
leve um soco. Ou um chute. Ou as duas
coisas.
— Se eu vencer, você vai me beijar. De
língua. Por um minuto. Contados no relógio.
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
É isso o que todos gritam ao ouvir a
proposta de Harry. Nathi e Lais se entreolham,
perplexas. Gancho dá tapas no ombro do
amigo, empolgadíssimo. Será que Nina
aceitará?
— Como você é babaca. – ela bufa e
estende a mão. – Negócio fechado.
Nota da autora: Omg! mais uma aposta? desse jeito não vou aguentar! E vocês meus amores já escolheram em quem vão apostar? .Beijos X Beijos.
WOWWWWWW mas isso tá ficando cada vez melhor!!!!
ResponderExcluirSério, eu ia torcer pra Nina, mas eu quero que eles se beijem logo pra ver o que cada um vai sentir. Então Harry, trate de ganhar meu filho!!! kkk
continua. <3
do jeito que a nina disse que ''sabe'' jogar tênis, vai ser difícil pro Harry kkkkkkkk'
Excluirmais obviamente to torcendo pra ela :3
continuaaaaaaa <3
ResponderExcluirclaro babe :3
ExcluirPER-FECT LIAMDA
ResponderExcluirque bom que gostou amora :3
ExcluirADOREIIIIII
ResponderExcluirque bom nega :3
Excluircara, adorei isso que vc fez com a setinha. Agora tem um lacinho *-* Como diria o meu melhor amigo: Ficou muito fof's, vc é fof's. kkkkkkkkkkk
ResponderExcluircontinua ta perfeito
fofo né !! Ou era um lacinho ou era uma carinha amarela com um olho piscando.......preferi o lacinho kkkkkk' :3
Excluir:3
ExcluirPERFEITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
ResponderExcluirque bom que gostooooooooooooooooooooooooooooo amora kkkkk' :3
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